Reforma Tributária: O impacto da Lei Complementar nº 214/2025 na Estrutura Tributária Brasileira
- Gabriela Gonçalves
- 24 de fev.
- 3 min de leitura
No dia 16 de janeiro de 2025, foi sancionada a Lei Complementar nº 214/2025, um marco regulatório que dá sequência à implementação da Reforma Tributária iniciada com a publicação da Emenda Constitucional nº 132/2023. Essa nova legislação representa um passo significativo na modernização do sistema tributário brasileiro, introduzindo mudanças que prometem simplificar e tornar mais eficiente a arrecadação de impostos no país.
Abaixo, detalhamos os principais pontos da reforma e os impactos esperados para empresas e contribuintes.
A discussão sobre a Reforma Tributária tem sido uma prioridade há anos, visando enfrentar os desafios de um sistema reconhecido pela sua complexidade e alta carga burocrática. A Emenda Constitucional nº 132/2023 estabeleceu as bases para a reforma, mas muitos dispositivos demandavam regulamentação, o que motivou a elaboração do Projeto de Lei Complementar nº 68/2024. Após debates intensos no Congresso Nacional, o texto final foi sancionado pelo Presidente da República com vetos parciais.
Essa tramitação complexa resultou na Lei Complementar nº 214/2025, que finalmente detalha a aplicação prática das mudanças previstas na emenda constitucional.
Principais Pontos da Lei Complementar nº 214/2025
Criação de Novos Tributos
IBS (Imposto sobre Bens e Serviços): Substitui o ICMS (estadual) e o ISS (municipal), consolidando a arrecadação desses tributos em um único imposto. Sua incidência segue o princípio do destino, ou seja, o imposto será recolhido no local onde o bem ou serviço for consumido.
CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços): Unifica o PIS e a Cofins, simplificando as obrigações acessórias e eliminando a cumulatividade na cadeia produtiva.
Imposto Seletivo (IS): Tributo de caráter regulatório, aplicado sobre bens e serviços que geram impactos negativos à saúde ou ao meio ambiente, como cigarros, bebidas alcoólicas e combustíveis.
Reduções e Isenções Fiscais
Cesta Básica Nacional: Produtos essenciais como arroz, feijão, leite e carnes passam a ter isenção total do IBS e da CBS, reduzindo o impacto tributário no custo desses itens.
Medicamentos e Dispositivos Médicos: Alíquotas reduzidas para medicamentos, dispositivos médicos e equipamentos de acessibilidade.
Introdução do Cashback Tributário
A lei implementa um sistema de cashback tributário, que devolve parte do imposto pago por consumidores de baixa renda ao adquirir produtos essenciais, promovendo maior justiça fiscal.
Definição do Campo de Incidência do Imposto Seletivo
O IS terá alíquotas progressivas, de acordo com o impacto ambiental e social dos bens tributados, estabelecendo um estímulo para o consumo sustentável e responsável.
Impactos para Empresas e Consumidores
A Reforma Tributária traz mudanças significativas tanto para empresas quanto para consumidores. Entre os principais impactos estão:
Simplificação do Sistema Tributário: A unificação de tributos visa reduzir a complexidade do atual sistema, diminuindo custos administrativos e facilitando o cumprimento das obrigações fiscais.
Competitividade Empresarial: A aplicação do princípio da não-cumulatividade no IBS e na CBS visa garantir que os impostos sejam pagos apenas uma vez ao longo da cadeia produtiva, favorecendo a competitividade das empresas brasileiras no mercado interno e externo.
Redução de Custos para Famílias: A isenção tributária para itens da cesta básica e medicamentos visa aliviar o custo de vida, especialmente para famílias de baixa renda.
Embora o texto tenha sido sancionado, ele veio acompanhado de vetos presidenciais a dispositivos específicos. Entre os pontos vetados estavam propostas que poderiam aumentar a complexidade ou onerar ainda mais determinadas cadeias produtivas. Esses vetos destacam o papel da negociação política e a importância de equilibrar as necessidades de arrecadação com o impacto econômico das mudanças.
A Lei Complementar nº 214/2025 é apenas o início de uma transição que será gradual. A implementação total das mudanças, incluindo a substituição dos tributos atuais pelos novos modelos, está prevista para ocorrer ao longo de seis anos. Durante esse período, ajustes e regulamentações adicionais deverão ser introduzidos para assegurar a eficiência e a equidade da reforma.
Além disso, a criação do sistema de cashback e as isenções previstas exigirão uma estrutura administrativa robusta, que garanta a devolução dos tributos aos consumidores elegíveis de forma ágil e transparente
No entanto, o sucesso da reforma dependerá da sua implementação prática e da capacidade do governo de gerir as mudanças de forma eficiente e transparente. Para empresas e indivíduos, o momento é de adaptação e planejamento estratégico, contando com assessoria especializada para aproveitar as oportunidades e mitigar os desafios trazidos pelas novas regras.
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